Fungo fantasma decompositor cria fenômeno de "floresta brilhante" na Austrália; conheça
Fungos e insetos criam um verdadeiro espetáculo natural de luzes na floresta de Illawarra, na Austrália; confira fotos
A região de Illawarra, no sudeste da Austrália, poderia ser cenário de um novo filme da franquia Avatar, de James Cameron. Não que seres humanoides gigantes azuis vivam lá, mas sim pelo fato de a localidade ser lar de uma floresta que, literalmente, brilha no escuro.
O protagonista deste fenômeno, que impressiona os olhos de turistas, biólogos e fotógrafos, é uma espécie de fungo. O cogumelo, apelidado de “fungo fantasma”, emite luz como um mecanismo natural para facilitar sua propagação na natureza, e desta forma desperta atenção dos visitantes de Illawarra.
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Floresta que brilha no escuro é fruto de ação de fungos
Apesar de ser próxima a Sydney, a maior cidade australiana, a região de Illawarra não padece com a poluição luminosa, tornando o evento natural da "floresta brilhante" ainda mais chamativo. Aliado a isso, as chuvas constantes e a alta umidade favorecem o surgimento de fungos-fantasma, criaturas essenciais para o fenômeno.
O fungo fantasma, principal causador desse evento, foi observado pela primeira vez pelo naturalista britânico James Drummond, em 1841. Ele colocou o cogumelo sobre um jornal no escuro e percebeu ser possível ler perfeitamente as palavras ao redor do fungo.

O fungo fantasma, porém, não emite luz à toa. Este é um recurso que esse ser vivo utiliza para se reproduzir. A bioluminescência é uma forma de atrair aves e insetos para o cogumelo, de modo que os esporos se espalham pelo ambiente. Algo semelhante com o que ocorre na polinização.
O cogumelo tem um papel importante no ecossistema de Illawarra. É ele que auxilia na decomposição de árvores mortas ou que estão morrendo, sendo estes os locais de preferência do fungo fantasma para se desenvolver.
Vaga-lumes também fazem espetáculo de cores em floresta brilhante na Austrália
Além de fungos, outras formas de vida como plânctons, vermes e vaga-lumes, dotados de bioluminescência, incrementam a mágica do local, criando um ambiente digno de ser um blockbuster de James Cameron, ou simplesmente uma floresta mágica de um conto de fadas.
Um desses seres vivos são os “glow worms”, (“vermes brilhantes”, em tradução livre para o português). Porém, eles não são vermes, são larvas de vaga-lumes, que se escondem em lugares úmidos, como a floresta de Illawarra.

Estes vaga-lumes são típicos da Austrália e da Nova Zelândia. Eles se agrupam em colônias nas copas das árvores, formando um verdadeiro espetáculo de luzes no alto, como se fossem estrelas em uma noite sem nuvens no céu.
Além de fungos e vaga-lumes, na região do sudeste australiano também é palco do fenômeno chamado de "ondas azuis". O espetáculo luminoso ocorre quando algas unicelulares são perturbadas por ondas, barcos ou nadadores, emitindo assim uma forte luz azul, iluminando ao redor.
Isto se trata de um mecanismo de defesa das algas, que brilham intensamente como forma de afugentar possíveis predadores.

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Visitantes devem obedecer regras específicas para visitar a floresta de Illawarra
Na franquia Avatar, a destruição do meio ambiente norteia os planos dos antagonistas dos filmes. Comunidades inteiras do povo Na'Vi (alienígenas habitantes do planeta Pandora de Avatar) são devastadas para que colonizadores terráqueos explorem os recursos naturais do planeta.
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Em Illawarra, na Austrália, a maior ameaça à floresta brilhante é também a ação humana. Visitantes são bem-vindos e livres para vislumbrar todo o espetáculos de luzes e cores naturais. Mas existe uma regra principal, e permeia toda a visita: olhe sem tocar.
À BBC, o fotógrafo australiano David Finlay conta que o uso de flashes, respirações fortes e toques humanos podem perturbar o equilíbrio desse ambiente e até mesmo matar espécies de fungos.
Finlay, que organiza excursões para observar o “festival de bioluminescência”, conta que é primordial manter o equilíbrio e o respeito ao ambiente. Ele ainda revela que não fala às pessoas sobre os locais “mais selvagens”, porque o excesso de visitas humanas poderia destruir esses espaços.
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