Cobra exótica de origem norte-americana é resgatada em apartamento no Cocó, em Fortaleza

Cobra exótica de origem norte-americana é resgatada em apartamento no Cocó, em Fortaleza

A espécie, que é endêmica dos Estados Unidos, foi encontrada no banheiro de um apartamento no bairro Cocó, em Fortaleza. O animal será encaminhado ao Cetas

Uma Cobra-do-milho, espécie exótica encontrada nos Estados Unidos, foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), no banheiro de um apartamento no bairro Cocó, em Fortaleza, na noite dessa quarta-feira, 11.

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Dos vários resgates de cobras e outros animais que a corporação realizou durante o primeiro pentamestre de 2025, está o da exótica Uma espécie é considerada exótica quando não vive na região que foi encontrada, podendo ter sido introduzida de forma artificial ou migrado por outros meios.
Cobra-do-Milho (Pantherophis guttatus).

A espécie é endêmica dos Estados Unidos da América, mas mais abundante na Flórida e a sudeste dos EUA, podendo também ser encontrada no México.

O animal pode viver até 23 anos, podendo medir entre 61 e 182cm, geralmente sendo as fêmeas maiores que os machos. O animal chega a pesar 90 gramas.

Elas são carnívoras e alimentam-se principalmente de pequenas aves e pequenos mamíferos (roedores). A cobra pode ser encontrada em colorações variadas além do laranja, como: verde, castanho e cinzento.

A empresária, que não quis se identificar, contou que percebeu a presença do animal quando foi ao banheiro, por volta das 22h40min. Por ter uma “boa visão periférica”, ela percebeu a sombra do animal, que não deveria estar ali.

“O meu papel higiênico fica pendurado no e. E vi uma sombra ali e quando acendi a luz, era a bendita dessa cobra saindo pelo buraquinho do papel. Levei um susto e quase morri do coração. [Fiquei] tentando entender de onde ela poderia ter saído, porque todos os ralos do meu apartamento tem uma proteção”, contou.

Ela explica que a cobra não poderia ter vindo pelo aparelho sanitário e nem escalando, por conta da altura onde o apartamento se encontra.

“Assim, eu tenho sítio, então sei que é comum você encontrar isso lá, você tá no habitat delas. Mas dentro de um prédio no sétimo andar, no meio do Cocó em uma cidade, é meio complicado”, afirmou a empresária.

Antes de acionar os bombeiros, a moradora ligou para a segurança do prédio, que demorou cerca de 25 minutos para retirar o animal. “Quando eles chegaram, o segurança já tinha conseguido pegá-la e tava lá na portaria, com um balde grande para ela não fugir”.

Pelo medo, a empresária não interagiu com o animal: “Tirei uma foto para descobrir que tipo de cobra era, né? [Se] era peçonhenta ou não, e descobri que não era. Os bombeiros confirmaram quando chegaram”, declarou.

O ocorrido é incomum no condomínio, afirmou a empresária. “Jamais houve casos de encontrar [animais peçonhentos] nos apartamentos”.

O Corpo de Bombeiros afirmou que o animal será levado ao Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "Como ela não é nativa do Brasil, ela é ilegal".

No Ceará, a gestão do Cetas é compartilhada entre a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e o Ibama.

Ao O POVO, o tenente Auceny Alves Marini do CBMCE explica: “A gente faz a identificação do animal e levamos para o Cetas, que é órgão adequado para fazer a triagem e o encaminhamento que vai ser dado”. 

A cobra foi recebida no Cetas nesta sexta-feira, 13, para triagem e demais procedimentos.

Introduzir espécie exótica em fauna local é crime ambiental

De acordo com o 31º artigo da Lei 9.065/98, é considerado crime ambiental introduzir espécime animal na fauna local do País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente. A pena é de detenção, de três meses a um ano, e multa.

O analista ambiental do Ibama, Alberto Klefasz, explicou que como a cobra é um animal exótico, não pode ser solta em ambiente nacional. "Como a criação comercial a nível nacional não é permitida, você tem ela em alguns estados que produziram uma legislação estadual para regulamentar a criação".

Na maioria dos estados, um órgão estadual delega a autorização da criação de um animal exótico. No Ceará, o gerenciamento da fauna silvestre em cativeiro é feito pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).

A maior parte dos órgãos estaduais, assim como a Semace, seguem uma portaria do Ibama, que regulamenta a criação de animais silvestres que tem relação com empreendimentos. O 6º artigo da portaria 118/97, explica que o interessado em implantar criadouro com fins econômicos e industriais de animais da fauna silvestre brasileira deverá protocolar carta-consulta na Superintendência do Ibama onde pretende instalar o empreendimento.

Alberto explica que, como a espécie foi introduzida a primeira vez na década de 80, por meio de "reprodução ilegal", os criadores estabelecem um padrão de variação da espécie, o que difere da genética original.

"Por natureza, ela tem uma variação de coloração de mancha variada. Mas através de cruzamentos selecionados, [os criadores] vão minimizando outros padrões. Eles vão criando animais com vários tipos de mutações", explica o analista ambiental.

A cobra será encaminhada a um zoológico especializado em répteis, no município de Juazeiro do Norte. De acordo com Alberto, o espaço é apropriado pois para o funcionamento precisa atender uma série de requisitos mais rígidos do que um criador comercial, contando com plano de gerenciamento de risco.

"São empreendimentos que permitem um maior controle da manutenção dessa espécie, sem que ocorra um risco desse animal fugir e invadir o ambiente", finaliza.

Confira o registro feito pelos bombeiros

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